Participação popular nas entidades de ensino

 

   A educação pública é um dos assuntos mais falados em nosso País e alguns motivos para a educação pública estar na mira dos críticos são: a situação precária das escolas públicas, a falta de verba, desinteresse governamental e a falta de participação dos pais na educação. Na mídia e nas redes sociais, milhões de cidadãos tentam apontar um culpado com comentários superficiais, são pessoas e entidades que não buscam se aprofundar no assunto e nem resolver o problema.

   Com o intuito de revelar fatos sobre a situação atual da educação na periferia do lado sul da cidade de São Paulo, em relação à participação popular, entrei em contato com funcionários de escolas públicas para compreender como os pais participam da vida cotidiana nas entidades de ensino e explicar como a sociedade fomenta a aprendizagem dos jovens e crianças.

   Fernando Lopes, Monitor da Escola Estadual Antônio Florentino, afirmou que “a gente tem contato diário com os pais, muitos vão lá buscar seus filhos, entram na escola, vêm se está tudo em ordem, se o filho está sendo bem tratado, observam se estamos fazendo o serviço direito e buscam informações conosco. A frequência, ela é diária e continua, é importante essa presença deles para ver que nosso trabalho é correto, bem como para fiscalizar os filhos também”.

  Pode-se observar que é de total interesse dos pais se manterem informados sobre a vida escolar dos filhos e para Fernando a escola cumpre esse dever de manter os pais esclarecidos sobre o que ocorre com os estudantes na entidade de ensino e sempre busca enfatizar a importância da participação dos responsáveis na educação dos alunos.

  “Nós sempre enfatizamos que a cooperação escola e família ela é muito importante, dos dois lados, muito mais dos pais claro e a escola como aquela que vai ser a parceira enquanto o aluno estiver estudando, peço que ajudem os alunos e nós ajudem também. Isso para que os pais tenham essa ideia fixa de que tem que participar abertamente e continuamente na vida escolar de seus filhos. A observância dos valores que os pais ensinam em casa ajuda no conhecimento da escola para que ele seja formado e no futuro, depois do término do ensino médio, a formação de um cidadão de bem seja concretizada. ”

Rodrigo, vice-diretor da Escola Estadual Jardim Jacira, também revela que a presença dos pais melhora o rendimento do estudante. “O pai é o polo norteador da unidade escolar, as vezes o aluno não tem um pai ou mãe, mas a família em si é importante. Uma avó, um tio, quem tem cumplicidade com aquela criança e a tutela é importantíssima para o rendimento dela. O aluno só desenvolve a partir do momento que o responsável senta, lê, mostra a atividade, questiona, explica, corre atrás. Então o eixo familiar é um dos fatores mais importantes para que a criança desenvolva, cresça, abstraia o mundo e sua vida. ”

  É possível ver que a escola faz o possível para envolver os pais em suas atividades e mantê-los informados sobre seus filhos. Porém, não são todas as escolas em que o Projeto Político Pedagógico (PPP) é focado na participação popular, pois, para essas entidades de ensino, existem ações mais urgentes e importantes à serem realizadas. Para explicar melhor como funciona a distribuição e aplicação de renda em escolas púbicas, entre outros assuntos, entrevistamos a Dione Lemos Oliveira, gestora de educação do Centro de Educação Unificado (CEU) Vila do Sol.

 “Então em relação a recursos para promover o projeto de participação de pais, o que acontece, não existe um recurso próprio para isso, na verdade cada escola tem o seu Projeto Político Pedagógico (PPP) e nesse projeto a comunidade escolar deve garantir meios para que isso ocorra. O Governo disponibiliza algumas verbas que são chamadas de PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola). Essa verba ela pode ser destinada para projetos específicos e tem uma que é PDDE básico. Com esse básico, a escola pode investir no que ela quiser, desde que aprovado pelo Conselho de Escola. O Conselho de Escola é quem aprova o PPP e junto com a Associação de Pais e Mestres (APM), aprova a destinação das verbas. ”

  É possível observar que a relação entre o governo e as entidades de ensino é de extrema importância, no entanto não existe por parte do governo um recurso específico para se trabalhar a participação dos pais e sociedade, cabe a escola desenvolver projetos que fomente a participação popular. Atualmente os eventos que recebem a participação das famílias e comunidade na escola são as reuniões bimestrais e as festas, como a festa junina, festa de carnaval entre outras.

  Tania Pereira de Morais, que trabalha na área de administração de escolas da zona sul desde 2013, acredita que para incentivar a participação popular na escola a gestão deve ser democrática. “A gestão democrática vislumbra todos que trabalham na escola como educadores, quem faz a merenda, a limpeza, as pessoas da administração, os professores, todos. Essa forma de gerir a escola mostra a importância do pai na escola, mostra a importância da educação para o aluno e traz a comunidade ao entorno, por exemplo cedendo a quadra para a população da área jogar bola, entre outras formas de atuação democrática. ”


Papel da sociedade na educação


  A sociedade ajuda as entidades de ensino a todo momento durante a vida escolar dos alunos, muitas vezes a interação sociedade, pais e escola cede novos lugares para alunos conhecerem, por exemplo museus, teatros e parques, bem como cria diversos aprendizados para os educandos. Para isso a sociedade deve ceder espaços para as crianças aprenderem, a escola preparar visitas coerentes e de acordo com que os alunos estão aprendendo e os pais autorizar o filho a ir no passeio bem como ajudar com custos de passagem e alimentação.

  Dione, esclarece que é muito importante a criança frequentar teatro, museu, centros esculturais, bibliotecas, mas toda ação deve ser contextualizada, não pode ser o passei pelo passeio.Sem um contexto, aquilo não significa nada para ela. Se não tem contextualização, se ela não sabe antes dela ir, o que ela vai fazer lá, o que ela vai ver lá. Ela vai, quando ela chegar em casa e perguntarem para ela como foi o passeio, ela vai falar do lanche que ela comeu, vai falar do que ela viu no caminho, ela vai falar do ônibus, ela vai falar do coleguinha que vomitou dentro do ônibus, mas do museu provavelmente ela não vai falar nada”.

  No entanto, a sociedade faz mais do que abrir espaços para os alunos aprenderem, a sociedade ensina com exemplos diários. É por meio dela que a criança e adolescente observa os modelos de caráter presentes na comunidade e sua personalidade será construída a partir da junção de todos modelos. Dione exemplifica, “se meus pais não brigam nem falam cosas erradas, mas na rua eu convivo num meio que tem brigas, xingamentos e palavrões e eu sou uma criança, eu serei reflexo disso, ou seja, vou falar palavrão, xingar, brigar e não respeitar. Não tem como desvincular educação de sociedade, estão amalgamados, se nossa sociedade está um caos a educação reflete esse caos”.


Comentários